segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Economia da Cidade Antigamente: Primeiras Empresas e o Comércio

No dia 1 de junho de 1961, José Dantas da Conceição, um sertanejo de Ribeira do Pombal que chegara ao então povoado de Eunápolis no dia 18 de abril, registrava na representação local da Junta Comercial do Estado da Bahia uma firma, cuja razão social levava o seu nome. Alguns dias depois, quando já era o mês de julho, a empresa iniciava suas atividades na então praça do Mercado, hoje rua 5 de Novembro, onde até pouco tempo funcionou a loja Só Sal. Em pouco tempo, o armazém tornou-se o maior fornecedor de queronese, sal, açúcar, outros alimentos e produtos industrializados do então povoado.
Naquela época, a cidade de Porto Seguro era o principal entreposto comercial da microrregião, parada obrigatória dos grandes barcos que faziam transporte de cargas e passageiros entre Salvador e as principais cidades do litoral sul: Ilhéus, Canavieiras, Belmonte, até Caravelas, e na volta levavam o cacau que era desembarcado no porto da capital. O distrito de Arraial d’ajuda, pequena povoação, ponto de fé de romeiros que anualmente visitavam o santuário, abrigava um Campo de Pouso onde uma linha regular de passageiros era operada por aviões com capacidade para até 40 passageiros.


Figura 1 Edmundo Silva, Som Discos, em sua primeira loja em 1975.

Figura 2 Capavel – Primeira Revenda de automóveis de Eunápolis.

As vendas do jacarandá e do cacau eram as principais atividades econômicas, que fomentavam o comércio local. O Jacarandá, explorado de forma rudimentar, cortado por grandes serras que eram manuseadas por duas pessoas e depois transportado por juntas de bois. O cacau era produzido em algumas poucas aéreas, em quantidades não muito significativas. No armazém e Zé Dantas as vendas eram feitas no balcão e também no atacado, aos tropeiros que revendiam os alimentos e produtos nas cidades de Guaratinga, Itapebi, Belmonte, Canavieiras, Salto da Divisa (MG) e outras povoações, como Itagi, Gabiarra e Mundo Novo. Assim, um pouco tempo, Zé Dantas passou a concentrar grande parte do comércio no povoado, vendendo para toda a região. As cartas enviadas por Zé Dantas a sua família levavam as noticias de um povoado próspero e cujas perspectivas eram as melhores, uma vez que estava prevista a construção de um trecho da rodovia federal BR 101, que cortaria todo o extremo sul, ligando a região cacaueria ao estado Espírito Santo. Essa intensa e próspera atividade comercial foi seguida por outros comerciantes pombalenses que chegaram ao povoado nos anos seguintes.
Inicialmente, Lucas de Souza Reis (Tio Lucas) e Sinval Alexandre de Jesus. A ponte sobre o rio Jequitinhonha, recém construída, melhorará o acesso a região, e o governo estadual autorizara a implantação de linhas de ônibus da Empresa Sul Bahiano, a SULBA, ligando Eunápolis a Porto Seguro e Itabuna. Nos anos seguintes, outros pombalenses chegaram ao povoado: Ariston e Rogaciano Alves do Reis, Edmundo Silva, os irmãos Fernando e Ranulfo Moraes e Pedro Dantas, entre outros. Os armazéns com as suas vendas no “atacado” foram à atividade comercial que fez de Eunápolis o principal centro fornecedor da microrregião. A partir daí, o comércio se diversificou com novas lojas de tecidos, produtos agropecuários, ferragens, louças, confecções, calçados, utilidades domésticas, móveis e eletrodomésticos.
Por esse tempo, a atividade madeireira se restringia a exploração do Jacarandá, espécie nobre, que era vendido em toras, sem passar por qualquer tipo de beneficiamento. A madeira bruta era embarcada nos “tombadores” que quase sempre eram localizados no meio da mata, e seguia para o Espírito Santo ou outro estado do Sudeste. Duas estradas muito precárias serviam de acesso. Para o Espírito Santo, o caminho cortava o extremo sul baiano e parte de Minas Gerais, entrando no outro estado via Pedro Canário. A outra estrada era via Itagimirim e Salto da Divisa, também cortando Minas Gerais. Nessa época, existiam em Eunápolis, apenas duas ou três serrarias do tipo engenho, o mais simples. O comércio já tornava Eunápolis num importante pólo de negócios. Assim, a partir de meados dessa década, o povoado passou a ser dotado de importantes serviços e equipamentos urbanos.
Figura 3 Fachada da Loja Oliveira, um dos mais antigos estabelecimentos de tecido da cidade.

Figura 4 O primeiro hotel de Eunápolis, o Grande Hotel.

Figura 5 A primeira bomba de gasolina instalada no povoado.

Figura 6 Caminhão transportando a madeira.



Figura 7 Lojas Pernambucanas.

Figura 8 BR-101 ainda sem asfalto.

Figura 9.

Figura 9 e 10 Barracas e Feirinhas da Santos Dumont formaram o embrião do comercio em meados da década de 70.


Em Eunápolis, o número de serrarias instaladas foi estimado em mais de 60, no auge da atividade, beneficiavam um volume estimado em 200 caminhões de madeiras por semana. Cada serraria empregava quarenta, cinqüenta ou mais pessoas. Eram empresas instaladas em grandes aéreas que ocupavam até 20 mil metros quadrados, onde, na maioria das vezes, as famílias desses trabalhadores moravam, tendo de graça: luz elétrica e água. Com as serrarias, vieram também as empresas de assistência técnica de tratores, veículos e máquinas, lojas de autopeças, postos de combustíveis, entre muitos outros negócios de setores afins. A atividade promoveu uma verdadeira transformação na economia do povoado: gerou milhares de empregos diretos e indiretos, atraiu novos empreendimentos, empreendedores e milhares de novos moradores.

Assim, a “indústria madeireira” revigorou o comércio e criou condições para o crescimento do setor de serviços. Além disso, estimulou o desenvolvimento social, tendo sido criadas diversas entidades como os clubes de serviços, lojas maçônicas, a CDL (então, Clube de Diretores Lojistas) e a ACIAE (Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Eunápolis). O desenvolvimento do turismo, também influenciou de forma positiva a economia do então povoado que supria Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália de quase tudo que necessitavam: móveis, alimentos, materiais de construção, peças, utensílios e uma infinidade de outros produtos. Assim, Eunápolis se firmou definitivamente como pólo de negócios e principal centro de fornecedor de toda a região. Com esse boom na economia regional, diversas empresas locais se expandiram, abrindo filiais em outras cidades e povoados.

Assim aconteceu com a rede de farmácias Ideal, e a maior delas, o Supermercado Pague Menos, que se tornou uma rede com mais de uma dezena de lojas, com filiais em vários bairros de Eunápolis, em Itabela, Itamaraju e Teixeira de Freitas.

Figura 11: Avenida Porto Seguro.

O período da economia aquecida iniciado em meados da década de 70, entretanto, chegou ao fim com a proibição do corte e exploração da mata atlântica, em 1988. Eunápolis vivia os seus primeiros meses pós-emancipação, com uma forte agitação política, uma vez que seria realizada naquele ano a eleição para a escolha do seu primeiro prefeito, vice e os vereadores. Mas, se no plano político o momento era de eferversciencia, o ambiente econômico era de incertezas. O setor madeireiro, carro-chefe da economia, vivenciava uma crise que se anunciava catastrófica com o provável fechamento de todas as serrarias e de milhares de postos de trabalho. E realmente, elas foram fechando, uma a uma, poucas continuaram funcionando, assim mesmo com capacidade ociosa. Dessa forma, a atividade econômica entrou em declínio, provocando uma grave crise econômica no recém-criado município.
Porém, a crise que se anunciou não chegou tão forte, tendo sido amenizada pela implantação através da Odebrecht, a partir de 1991, do projeto Veracruz Florestal, embrião da Veracel Celulose. O novo empreendimento de US$ 1,2 bilhão, cujo projeto previa o plantio de milhões de mudas de eucalipto em grandes aéreas de todos os municípios da microrregião, dinamizou a economia local, principalmente com a aquisição de terras e a contratação de alguns milhares de trabalhadores.


Figura 12 Empresa Veracel
Atualmente há vários aspectos que ajudam bastante na economia da cidade, como os grandes empreendimento, o comércio, a agricultura e o pouco turismo. No comércio da cidade, há grandes empresas como Lojas Americanas, Atacadão Carregou, Cambuí Supermercados. Outros empreendimentos importantes como a Veracel Celulose, que ajudou bastante Eunápolis, em relação aos empregados da empresa. Na agricultura, há também fazendas na colônia e na BR 367.


Integrantes:

  • Gabriel Neto, Marcelo Oliveira Fernandes Filho e Matheus Prata.

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